Cultura como ''mulher''.
Walter Silva
Homofobia também é o medo histérico de heterossexuais que surge em função da sua cultura pensar a homossexualidade como se ela fosse uma imagem invertida de si mesmos; a antiga expressão médica ''invertido'' para se referir a gays aponta neste sentido.
Evidência disso é a retórica antigay revelada durante a proibição do kit de combate à homofobia nas escolas.
Homens gays são criados dentro de uma cultura que os odeia e os ensina a odiar-se.
O ''gueto'' para os gays é em si um sinal de degeneração, e muitos se orgulham de ter amizades apenas com pessoas heterossexuais.
Uma matéria na internet sobre a possibilidade da fundação de uma nação gay provocou comentários escandalizados de vários gays; um deles em especial afirmou que viver num país só de gays ''seria um horror''.
É possível que mesmo tendo superado o ódio por si mesmos, muitos gays continuem odiando a homossexualidade nos outros.
Ao rastrear as origens da homofobia internalizada é necessário nunca esquecer da cultura que faz surgir esta homofobia em primeiro lugar; a cultura hegemônica e heterossexista, a cultura que nos é imposta desde que nascemos.
A homofobia está também nas artes, nas representações discursivas, na política, nas instituições e nas ideologias.
Cultura como ''mulher''.
Nem mesmo o mais afeminado dos homens.
Ele será lido como um ''homem que deseja ser uma mulher'' ou ''quer ocupar o lugar da mulher''.
O homem gay é um desertor do gênero, um traidor da masculinidade hegemônica e um desviante.
Em virtude de ser portador de uma masculinidade subalterna, ele é rechaçado e odiado. Este é o viés do sexismo atuando na homofobia. Não existe ''misoginia por procuração''.
Somente mulheres ou pessoas lidas como mulheres sofrem o impacto da misoginia.
Este viés sexista na homofobia entretanto, não é tudo que há para se falar sobre ela.
Homofobia também é o medo histérico de heterossexuais que surge em função da sua cultura pensar a homossexualidade como se ela fosse uma imagem invertida de si mesmos; a antiga expressão médica ''invertido'' para se referir a gays aponta neste sentido.
Em outras palavras, do ponto de vista da cultura heterossexista, existe apenas a heterossexualidade, apenas as relações entre homem e mulher são ontológicas.
Neste contexto, a homossexualidade é a ''inversão'' desta realidade. Isso provoca ódio e o medo de que outros ''heterossexuais'' possam se contaminar também, ''mudar'' sua natureza, ou a natureza dos seus filhos.
Evidência disso é a retórica antigay revelada durante a proibição do kit de combate à homofobia nas escolas.
O kit foi chamado de ''kit gay'' e se dizia que seu objetivo era ''ensinar as crianças a serem gays''.
A fala da presidenta da república no período reforçou essa crença errõnea ao declarar que ''o governo não faria propaganda de opções sexuais'', uma ideia similar à lei Russa que proíbe ''propaganda gay''.
Homens gays são criados dentro de uma cultura que os odeia e os ensina a odiar-se.
Mesmo gays ativistas têm demonstrado sintomas de homofobia internalizada.
Observe o desconforto de muitos gays com a ideia de uma ''cultura gay'', ou um ''meio gay''.
E isso não se aplica apenas aos ''gays armariados''.
É raro uma minoria sentir tanto pavor do próprio gueto quanto as pessoas homossexuais.
O ''gueto'' para os gays é em si um sinal de degeneração, e muitos se orgulham de ter amizades apenas com pessoas heterossexuais.
Uma matéria na internet sobre a possibilidade da fundação de uma nação gay provocou comentários escandalizados de vários gays; um deles em especial afirmou que viver num país só de gays ''seria um horror''.
É possível que mesmo tendo superado o ódio por si mesmos, muitos gays continuem odiando a homossexualidade nos outros.
Ao rastrear as origens da homofobia internalizada é necessário nunca esquecer da cultura que faz surgir esta homofobia em primeiro lugar; a cultura hegemônica e heterossexista, a cultura que nos é imposta desde que nascemos.
''Religião'' é apenas um vetor de ''cultura''.
Esquecer-se desse detalhe fará com quem a pessoa conviva com outras manifestações culturais homofóbicas sem maiores preocupações, dado que pensará que toda a homofobia está ''aprisionada'' no vetor religião.
A homofobia está também nas artes, nas representações discursivas, na política, nas instituições e nas ideologias.
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